segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Infecção também causa paralisia cerebral em bebê - Estudo põe em discussão crença de que falta de oxigênio é a principal motivo


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Infecção também causa paralisia cerebral em bebê
Estudo põe em discussão crença de que falta de oxigênio é a principal motivo
Nicholas Bakalar
The New York Times




NOVA YORK - Um novo estudo acaba de colocar em discussão a crença disseminada
entre os obstetras de que a falta de oxigênio, ou hipoxia, é a principal causa
de paralisia cerebral em bebês prematuros. O estudo, publicado no número de
outubro da revista The American Journal of Obstetrics & Ginecology, descobriu
que o dano que leva à paralisia cerebral é mais associado à infecção que à
hipoxia.
As novas descobertas, segundo Ernest Graham, professor-assistente do
Departamento de Obstetrícia e Ginecologia no John Hopkins e principal autor do
estudo, têm implicações importantes tanto para a pesquisa quanto para a prática.
"Isso muda nosso pensamento", disse Graham. "Antes, nos concentrávamos na
hipoxia", mas o estudo sugere que monitorá-la não é suficiente. Descobrir
maneiras de evitar e tratar infecções, por outro lado, "podem ter um grande
impacto sobre o problema", disse ele.


Os pesquisadores estudaram bebês prematuros nascidos entre 1994 e 2001 em um
hospital universitário. Eles examinaram casos de leucomalácia periventricular,
um tipo específico de dano ao tecido branco do cérebro. O tecido branco
transmite sinais para o cérebro e dele para a espinha dorsal, e é especialmente
sujeito a ferimentos nos bebês prematuros.


Apesar de haver outros fatores associados aos danos cerebrais nos bebês
prematuros, como sangramento no cérebro e gravidez de gêmeos, uma grande maioria
de crianças com leucomalácia periventricular desenvolve paralisia cerebral. Os
sintomas podem não ser evidentes durante muitos meses após o nascimento, mas o
dano pode ser visto em exames digitais cerebrais, que revelam os cistos
característicos que se formam depois que o tecido cerebral é danificado.


Com o tempo, os cistos são reabsorvidos, deixando os ventrículos aumentados de
forma anormal onde o tecido cerebral morreu. A doença pode causar uma série de
deficiências mentais - de suaves para graves -, mas a mais comum é a diplegia
espástica, músculos fortemente contraídos nas pernas, que não podem funcionar
normalmente.


Quando os pesquisadores examinaram 150 bebês prematuros com leucomalácia
periventricular e compararam-nos com um grupo de controle de 15 prematuros
nascidos no mesmo período que não tiveram danos cerebrais, os resultados foram
surpreendentes. A hipoxia, medida por testes de sangue do cordão umbilical, não
era mais comum nos bebês prematuros com a doença do que nos outros bebês.


Nascimentos por cirurgia cesariana não eram associados com leucomalácia
periventricular, nem os testes de sangue distingam bebês que sofriam danos dos
que não sofriam. Até os bebês cujas taxas cardíacas diminuíam durante o trabalho
de parto não tinham mais semelhança com outros bebês que haviam sofrido danos
cerebrais.


O que fazia diferença, e das grandes, era se os bebês tinham sofrido infecções.
Bebês que tinham culturas bacterianas positivas no sangue, no fluído
cerebro-espinhal ou na garganta apresentavam de duas a quatro vezes chances de
sofrer dano cerebral do que aqueles que não tinham nada. As infecções de
estafilococos predominavam, mas os pesquisadores descobriram mais de dez outros
tipos de infecções. E o tipo de infecção não alterava o nível do dano.


http://txt.estado.com.br/editorias/2004/11/03/ger003.html

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