quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pesquisas mostram que dar à luz turbina a inteligência das mulheres



Pesquisas mostram que dar à luz
turbina a inteligência das mulheres
e as deixa mais aptas para o trabalho

Gabriela Carelli
Ricardo Benicchio

A juíza Thereza: "Depois que Vitória nasceu, terminei meu livro"

Tornar-se mãe é, em muitos aspectos, um momento iluminado na vida de uma mulher. Mas há uma crença antiga bem pouco lisonjeira para as parturientes. De acordo com essa concepção, repetida há séculos, dar à luz deixa as mulheres mais frágeis, incapazes de tomar decisões, menos atiladas no trabalho e interessadas apenas nos assuntos do lar. Um livro lançado há pouco nos Estados Unidos exibe argumentos convincentes para provar que essa visão da maternidade é falsa e preconceituosa. Em Mommy Brain: How Motherhood Makes us Smarter (Cérebro de Mamãe: Como a Maternidade nos Deixa Mais Espertas), a escritora (e mãe de dois filhos) Katherine Ellison reúne dezenas de pesquisas científicas e entrevistas com médicos para comprovar que a experiência de ter um filho, na verdade, turbina a mente das mulheres, ampliando sua percepção, sua motivação para as tarefas – inclusive no trabalho – e sua capacidade de assimilar informações. "Do ponto de vista neurológico, ter uma criança representa uma revolução no cérebro", disse a autora do livro a VEJA.

O argumento de Katherine fundamenta-se em grande parte nos estudos do neurologista americano Craig Kinsley, da Universidade de Virgínia, que há mais de uma década investiga as mudanças provocadas pela maternidade na mente da mulher. Em um de seus trabalhos mais recentes, Kinsley analisou o tecido cerebral de ratinhas que haviam tido filhotes e concluiu que o hipocampo, região responsável pelo aprendizado e pela memória, se transforma logo após o parto. "Constatou-se um aumento na produção das espinhas dendríticas, partes do neurônio que formam as conexões neuronais, necessárias para o aprendizado", disse Kinsley a VEJA. Essas mudanças, segundo o neurologista, ocorrem principalmente por causa da grande quantidade dos hormônios estrogênio e cortisol que inunda o cérebro no fim da gestação e no parto, tornando a mente mais ágil para cuidar da cria.
Além de dissecar o cérebro das ratinhas, o pesquisador realizou outros testes para comprovar sua tese. Em um deles, colocou ratas que estavam amamentando e ratas virgens para percorrer o mesmo labirinto. As primeiras acabaram o percurso mais rapidamente e com menor quantidade de erros. Nos últimos anos, a equipe de Kinsley apurou outros benefícios da maternidade. A liberação do hormônio oxitocina na amamentação diminui o stress e aprimora o olfato e a audição. "A tremenda complexidade do ser humano nos torna menos previsíveis do que os ratos", diz Kinsley. "Mas o cérebro do rato e o do homem são muito similares, o que faz dos resultados uma referência para entender o comportamento humano", ele explica, corroborando uma teoria hoje amplamente aceita pelos cientistas. A juíza paulistana Thereza Nahas, de 35 anos, mãe de Vitória, de 7 meses, considera-se um exemplo de que a maternidade estimula a inteligência. "Achei que não conseguiria fazer mais nada depois do nascimento da Vitória, mas, além de cuidar dela e de dar aulas com desembaraço, consegui terminar de escrever um livro nos quatro meses após o parto", ela conta.





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