quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Psicose pós-parto

Uma ou duas puérperas em cada mil desenvolvem transtornos psicóticos. Durante os três primeiros meses que seguem o parto, há um aumento de 10 a 20 vezes na incidência de crises psicóticas.  

Estudos epidemiológicos mostram taxa de internação psiquiátrica 18 vezes maior no primeiro mês de puerpério (fase após o parto e que se estende até a volta das funções reprodutivas), do que durante a gestação e, 16 vezes maior no primeiro trimestre após o parto.

"A psicose pós-parto é um quadro grave pois se refere a um transtorno psicótico do puerpério Ela é um dos quadros mais graves na psiquiatria pois representa risco tanto para a paciente como para o bebê", afirma Heloisa Benevides de Carvalho Chiattone, psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital São Luiz.

"Embora envolva diretamente a participação do profissional da área de psiquiatria, cabe ao psicólogo hospitalar, em atuação nas enfermarias, ambulatórios e pronto-socorros gerais ou de obstetrícia, reconhecer, avaliar e cooperar no melhor acompanhamento das pacientes e seus familiares", diz a especialista.

Início complicado

O início do quadro clínico é agudo, principalmente entre o segundo e décimo dia de puerpério. Raramente os sintomas aparecem no último mês de gestação. Casos de início precoce envolvem sintomas de transtornos afetivos, relacionados com mania ou hipomania, como desinibição, hiperatividade motora, distraibilidade, euforia e disforia, por exemplo.

Casos mais tardios – até o sexto mês – têm características esquizofreniformes (desconfiança, ideação paranóide, alucinações, discurso incoerente e desorganizado, mutismo ou mesmo atos irracionais).

"A principal temática dos delírios da psicose puerperal está ligado ao bebê. Os temas mais comuns dos delírios são achar que o bebê não nasceu, foi trocado, está morto ou defeituoso", diz Heloisa. "Além disso, tentativas que atentam contra a vida ou integridade física do bebê podem acontecer", alerta.

Também são frequentes quadros onde há predomínio de confusão mental, com desorientação espacial e alterações de memória, acrescidos de diminuição do nível de consciência e confusão oniróide (estado de perplexidade, com ar sonhador).

Recuperação e tratamento

A recuperação da psicose está diretamente ligada a história prévia da paciente. Sem nenhuma história prévia, a maior probabilidade é de que a paciente se recupere completamente. O tratamento realizado é o mesmo para as psicoses em geral e o aleitamento materno precisa ser suspenso.

Mas se a mãe sofria de transtorno bipolar, por exemplo, a recuperação pode se dar de forma natural ou abreviada com o tratamento adequado. Já no caso de esquizofrenia o transtorno continua a se desenvolver, com a possibilidade de certa acentuação durante o puerpério.

O ideal é que essas jovens mães sejam diagnosticadas o mais cedo possível, com a ajuda de profissionais de saúde e psicólogos, ajudando as mulheres na resolução de seus conflitos para o estabelecimento de vínculos adequados entre a mãe e seu filho.

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