quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Bebês prematuros são 10,5% no Brasil

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/95833-bebes-prematuros-sao-105-no-brasil.shtml

Bebês prematuros são 10,5% no Brasil
Pesquisa da Fiocruz com 24 mil mulheres mostra proporção de
nascimentos antes das 37 semanas de gestação

Parceria entre governo brasileiro e Fundação Bill e Melinda Gates vai
dar R$ 16 milhões para estudos sobre o tema

CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Principal causa de mortalidade de crianças de até sete dias de vida, a
prematuridade atinge hoje 10,5% dos nascimentos no Brasil.

Os dados vêm de um grande estudo do Ministério da Saúde, coordenado
pela Fiocruz, cujos resultados preliminares foram divulgados ontem no
Rio, em conferência da rede global de academias nacionais de ciência.

Segundo um levantamento divulgado no ano passado pela Organização
Mundial da Saúde, o Brasil é o décimo país do mundo com maior número
de nascimentos prematuros -em 2010, foram quase 280 mil.

Para o novo estudo da Fiocruz, foram entrevistadas 24 mil mulheres
gestantes e no puerpério de 191 municípios brasileiros e 266 hospitais
públicos e privados. As mães foram acompanhadas por até 60 dias após o
parto.

Do total de nascimentos, 52% foram por cesárea, e 11% dos bebês
necessitaram de suporte para respirar ao nascer. "É um índice
absurdo", afirmou Maria do Carmo Leal, pesquisadora da Fiocruz e
coordenadora do projeto, durante a apresentação.

A prematuridade está relacionada a 28% das mortes infantis até os sete
dias de vida.

No mesmo evento, o secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, anunciou uma
parceria entre a pasta, a Fundação Bill e Melinda Gates e o CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para
estudar as causas da prematuridade e as medidas para preveni-la.

Serão disponibilizados R$ 16 milhões para as pesquisas. Metade dos
recursos virão do governo brasileiro e metade, da fundação. Bolsas de
estudo e o desenvolvimento de equipamentos, por exemplo, podem ser
contemplados pelo financiamento.

COMPORTAMENTO

Gadelha afirma que a iniciativa abre uma agenda de inovação focada em
problemas reais na saúde.

"É uma ciência comprometida com o social. Uma criança prematura tem
muito risco de ter outros problemas ao longo de sua vida."

Segundo ele, além de causas fisiológicas da prematuridade, a parceria
com a Fundação Bill e Melinda Gates vai possibilitar o estudo dos
comportamentos que levam à antecipação do parto, como a escolha do
médico.

Na rede privada de saúde, as taxas de cesáreas são de 90%, em média, e
em alguns hospitais de quase 100%.

A falta de precisão do cálculo da idade do feto, por exemplo, pode ser
um problema na hora da marcação antecipada das cesáreas.

O estudo da Fiocruz realizou exames de imagem em gestantes e mostrou
que a conta baseada no atraso da menstruação é falha em muitos casos
para determinar o número de semanas de gestação.

"Os médicos e a sociedade brasileira precisam enxergar que a cesariana
não é só um bem, que dá conforto, que eu marco horário. Precisamos
saber o que é melhor para a saúde da mãe, da criança e do sistema",
diz Gadelha.

Colaborou LUCAS VETTORAZZO, do Rio

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