quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sintomas da TPM podem prever depressão pós-parto

Sintomas da TPM podem prever depressão pós-parto
Publicado em Divulgação científica
31 de janeiro de 2013
Mulheres com alterações emocionais no período pré-menstrual têm quatro
vezes mais chances de desenvolver o problema.

Indicação é acompanhamento desde o pré-natal.
Tristeza, choro fácil, insônia, irritabilidade. Algumas mulheres podem
reconhecer nesses comportamentos alguns dos sintomas que apresentam
durante o período pré-menstrual. Mas recente dissertação de mestrado
defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher pela
psicóloga Elza Alves de Morais mostra que esta associação vai além da
TPM: mulheres que apresentam estes sintomas nesse período têm maior
chance de desenvolver depressão pós-parto.
O estudo foi realizado em um período de dez meses, com 94 mulheres nas
primeiras semanas de pós-parto acompanhadas na maternidade do Hospital
das Clínicas da UFMG. Os resultados revelam que as mulheres que
durante a TPM apresentavam ao menos três dos sintomas classificados
como emocionais – a exemplo dos descritos acima – têm quatro vezes
mais chances de desenvolver depressão pós-parto em relação às mulheres
que não apresentam esse tipo de comportamento. Os dados foram obtidos
por meio da comparação entre dois questionários: um levantamento dos
sintomas e sinais do período pré-menstrual que antecederam a gravidez
e a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS, na sigla em
inglês), que contém dez questões referentes aos sintomas depressivos
observados no período pós-parto.
A associação entre os dois momentos existe devido a várias semelhanças
entre os sintomas da tensão pré-menstrual e da depressão pós-parto.
"São períodos em que a ação hormonal é semelhante, com redução nos
níveis de progesterona e dos hormônios da tireóide, por exemplo",
explica o professor Antônio Carlos Vieira Cabral, obstetra e
orientador do estudo. Mais recentemente, verificou-se também
similaridade na ação da serotonina nestes dois momentos. Apesar de
desempenhar diversas funções no organismo, este neurotransmissor é
mais conhecido exatamente por sua associação com o humor. "Existe uma
queda de serotonina tanto na TPM quanto no pós-parto, e algumas
mulheres são mais afetadas por esse declínio do que outras", afirma o
professor.
Para Antônio Cabral, o número de mulheres atingidas pelo problema
torna o estudo extremamente relevante. "A depressão pós-parto atinge
cerca de 30% a 40% das novas mães, enquanto de 20% a 25% das mulheres
são acometidas por algum tipo de tristeza durante a TPM", afirma. "E é
um problema que pode ser reduzido com um controle bem simples".
Atenção especial
De acordo com o professor, o resultado do estudo mostra a necessidade
de começar já no pré-natal um acompanhamento diferenciado para as
mulheres que apresentarem esse tipo de sintomas. "As gestantes com
risco identificado para depressão pós-parto podem receber
acompanhamento psicológico no período, além dos cuidados normais",
afirma. O mesmo deve ocorrer no pós-parto imediato, com uma checagem
que possa identificar precocemente sintomas da depressão pós-parto.
"Este acompanhamento permite que a resposta ao problema seja mais
rápida, antes que o problema se agrave", comenta o professor.
Este protocolo de atendimento, com a entrevista prévia do histórico de
sintomas pré-menstruais já está em utilização no Ambulatório Jenny
Faria do Hospital das Clínicas da UFMG, onde é realizado o atendimento
pré-natal. "O questionário é aplicado na primeira vez que a mulher é
atendida, permitindo que ela receba o acompanhamento multidisciplinar
desde o início", explica Antônio Cabral.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto é uma depressão moderada ou grave, desencadeada
poucas semanas após o parto. Além dos sintomas comuns à depressão –
como tristeza exacerbada, reclusão, falta de energia – a mãe pode
apresentar sentimentos negativos em relação ao bebê e incapacidade de
cuidar direito da criança. E a falta de compreensão pode contribuir
para a piora da situação. "As pessoas muitas vezes não entendem como a
mãe pode deixar o bebê de lado, o que aumenta o sentimento de culpa",
afirma o professor Antônio Cabral.

http://www.medicina.ufmg.br/noticias/?p=32136

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