segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Estudo inglês questiona amamentação exclusiva por 6 meses

Orientação da OMS de 6 meses só com leite materno não tem base científica e
pode levar à anemia, diz artigo inglês

Para o Ministério da Saúde, benefícios do aleitamento exclusivo são provados
por estudos abrangentes *

*MARIANA VERSOLATO*
DE SÃO PAULO

Contrariando as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde),
pesquisadores agora questionam se a amamentação deve ser exclusiva até os
seis meses de idade do bebê.
Os autores afirmam que a introdução de alimentos sólidos a partir dos quatro
meses, juntamente com a amamentação, traz benefícios.
Entre eles está o menor risco de a criança desenvolver alergias e doença
celíaca (intolerância ao glúten).
O estudo contesta os seis meses indicados pela OMS desde 2001. O Ministério
da Saúde segue essa orientação.
Mas, na prática, a duração média da amamentação exclusiva no país é de 1,8
mês, segundo os últimos dados do ministério, de 2008.
O artigo, publicado no periódico "British Medical Journal", aponta que não
há evidências científicas suficientes para que a organização tenha tomado a
decisão.
Para Ary Lopes Cardoso, chefe de nutrologia do Instituto da Criança do HC de
São Paulo, a amamentação complementar é prática antiga. "Teoricamente, não
está errado. Embora não seja o melhor, não vejo problemas."
Segundo ele, o ideal é que o aleitamento seja feito até os seis meses, mas
não se pode tomar uma posição rígida. "Não dá para apregoar coisas
impossíveis. É preciso considerar caso a caso."
Os autores, de instituições como o Childhood Nutrition Research Centre, da
University College London, e do Institute of Child Health, da Universidade
de Birmingham, também tocam nesse ponto.
Dizem não ser contra a amamentação e apoiar a orientação da OMS, mas afirmam
que deve haver interpretações diferentes em cada lugar -em países com alta
mortalidade por infecção, a duração pode ser maior.

*FALTA DE FERRO*
Outro benefício de introduzir alimentos sólidos antes dos seis meses seria
uma redução no risco de anemia, já que o cardápio mais variado ofereceria
uma maior quantidade de ferro.
Mas, segundo Virgínia Weffort, presidente do Departamento de Nutrologia da
Sociedade Brasileira de Pediatria, os alimentos sozinhos não são capazes de
cumprir esse papel em caso de deficiência.
"É precisa investigar a história da mãe, da criança, se é prematura. Nesses
casos, é preciso usar medicamentos."
Weffort afirma que a sociedade de pediatria está revisando estudos para
saber se esses remédios, chamados sais ferrosos, devem ser usados também em
crianças saudáveis a partir dos quatro meses. A mesma revisão, segundo ela,
está sendo feita a respeito da introdução de alimentos nessa idade.
Para ela, no entanto, ainda é preciso haver mais estudos para dizer se a
criança que começar a comer aos quatro meses terá mais benefícios. "Se
começar nessa idade, a obesidade vai aumentar? Acredito que sim, porque o
bebê pode se alimentar mal."
Danielle Silva, coordenadora de processamento e controle de qualidade do
Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, afirma que o
leite materno supre todas as necessidades da criança até os seis meses. Se a
introdução de alimentos for necessária, diz, deve ser prescrita e
acompanhada por médicos.

*CRÍTICA À OMS
*O artigo afirma que a organização baseou a diretriz dos seis meses com
leite materno em uma revisão de 16 estudos dos quais só dois eram
randomizados.
Lilian Espírito Santo, assessora sobre aleitamento materno da área da saúde
da criança do Ministério da Saúde, afirma que a recomendação foi seguida e
tomada a partir de estudos sérios e abrangentes.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1501201101.htm

2 comentários:

  1. Em um tempo em que amamentar não é necessário, cesárea é o bonito e mãe não pode se dedicar aos filhos por que tem que ser moderna, o que será de nossas crianças?
    A minha filha tem 2 anos e 2 meses, mamou exclusivamente até os 6 meses e 3 dias, mama até hoje e é absolutamente saudável.
    Isso me cheira a lobby - e dos fortes - das indústrias de leite artificial.

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  2. Realmente, essa pesquisa é bem estranha e sabemos que financiamentos tiram o resultado que querem de pesquisas. Mas achei interessante o MS contrapor e explicar porque segue as orientações da OMS.
    Minha pequena mamou até 2a2m, tudo de bom!

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